quarta-feira, 30 de abril de 2008

Despedida do Blog

Venho por meio desta despedir-me dos leitores e amigos anônimos.
O artigo abaixo é o último.
Chega de fazer quase nada.
Recomeçarei no meu verdadeiro trabalho.
Abraço.
Túlio

PS- Sou da área jurídica. O E.C.A. é maravilhoso. Quase utópico.
Uma lei feita para Bélgica ou Holanda. As medidas de proteção não existem na prática.
O mundo jurídico ainda não caiu em si.
E recusa a encarar a dura realidade.
Sustento a criação de um mecanismo que ligue a utopia da lei à realidade.
Tal poderia dar-se por lei ou dispositivos infra-legais que especificassem as situações de abandono e risco social ( o qual atinge toda a família e não somente as crianças).
A criação de uma sólida estrutura de assistência social seria um começo.
Não se trata de assistencialismo.
Trata-se de cidadania.
Dirigida a quem efetivamente precisa.
O presente discurso é um discurso fácil.
O teor apelativo pode determinar a sua apresentação em campanhas eleitorais.
Não é esta a intenção.
O objetivo é trazer as diversas comunidades a pensar sobre o assunto.
Mas não só pensar.
Apresentar soluções, trazer idéias.
Fazer com que o membro de determinada localidade sinta-se co-responsável.
E auxilie.
Isso é o efetivo exercício consciente da cidadania.
Grande Abraço.
Túlio

Semana sim, outra também.

Gosto do modo que Umberto Eco diferencia obras Midnight Children e o The Da Vinci Code. O professor italiano coloca que trata-se da distinção do tipo de livro que dá aos seus leitores o que eles querem e o tipo de livro que faz com que os leitores percebam aquilo que eles inconscientemente sempre desejaram.
Distinção sutil, mas essencial.
Escrevo por prazer.Gosto disso.Algumas idéias são deliberadamente estaparfúdias.Outras nem tanto. O fato é que são muitas. Se dez por cento for aproveitável estarei satisfeito.Esse total descompromisso é que me leva a escrever. E doar algumas idéias. Seria pecado cobrar por uma dádiva. Assim o acho.
Como todo sujeito que se atreve a escrever neste mundo ocidental, revelo-me um eterno aprendiz de Homero. Plenamente consciente de que há uma intrínseca conexão entre os mais variados tipos de assuntos e visões de uma mesma questão.
Talvez o leitor tenha percebido que tratei do assunto das crianças das favelas do Rio sob o foco preventivo.
A distinção de Umberto Eco faz-se mais necessária do que nunca para quem gosta de cinema.
É a distinção entre Spider -Man 2 e Tropa de Elite.
Não aprecio o modo como o cinema yankee ( corruptela de "Joãozinho" em holandês, janke) serve -se da sétima arte como um instrumento de alienação em massa. E foge da realidade para inventar estórias irreais com personagens irreais em mundos irreais.
Tropa de Elite é justamente o contrário disso.
Excesso de realidade, eu diria.
Devo apenas ressaltar um único fato: foi proposital.
Tropa de Elite foi feito com dois objetivos fundamentais: chocar e educar.
Os objetivos mudam conforme o público que se visa atingir.
Fácil denotar que o verbo "chocar" refere-se a classe média, conforme já foi salientado em artigos anteriores.
O clima de Tropa de Elite foi feito a partir do momento em que se reconheceu que vivemos numa sociedade brasileira recheada de complexidades e contradições implausíveis num país que se pretende alguma coisa.
E que precisava de um Tratamento de Choque.
Alguns criticaram.
Dizem que tudo isso não passa de uma espécie de propaganda. Outros versam que estes artigos sequer são jornalismo posto que são reflexões e não trazem notícia alguma.
Para os que não sabem a diferença entre Propaganda e Marketing de Sociologia e Filosofia da História, eu advirto: voltem aos bancos escolares.
Para os que não sabem a diferença entre Reportagem e Jornalismo de Ensaio ou Crônica, eu advirto: voltem aos bancos escolares.
A função é provocar polêmica.
Essa dialética enriquece a discussão e aguça o raciocínio.
Daí por que coloco a função educativa do filme Tropa de Elite.
Complementar do artigo anterior, as famílias carentes não conseguem livrar seus filhos deste caminho.
E, quando a família não consegue impedir a inserção no crime, entra em cena aquilo que um dia ousamos chamar de Estado.
É muito mais um recado para os jovens da favela: o crime não compensa.
E, diante de uma juventude naturalmente contestadora o argumento tem que ser contundente. Literalmente.
Daí as cenas explícitas de tortura e humilhação de jovens já corrompidos pelo tráfico.
O recado é claro.
Não obstante, antes de ser acusado de faccista ou qualquer rótulo do gênero, devo advertir:
se o Estado não levar a sério políticas sociais de repressão e prevenção ao crime, tudo terá sido em vão.
Tudo depende do Estado. E da sociedade.
Eu ainda confio em ambos.
Do contrário, os jovens em tela, em vez de algozes do João Hélio, transformar-se-ão em vítimas do sistema, como já o são.
E finalizo: políticas sociais nestas áreas são facas de dois gumes.
QUE ISSO FIQUE MUITO CLARO.
Ou se acaba com o narco-terror nestas regiões e iniciam-se obras de estruturação...
Ou aproveita-se o ano eleitoral para fazer obras para criminosos.
Grande Abraço.
Túlio

domingo, 20 de abril de 2008

Faz Frio em Porto Alegre

Em 1972 um ficcionista citado por Asimov profetizou o fim da politica profissional. E disse que tal fenomeno dar-se-ia por meio da recem-criada rede de informacao do Sistema de defesa Norte Americano, o qual deu origem a internet tal como a conhecemos.
Ontem vi a TV Senado. Ainda existem bastioes que sustentam a Democracia.
Comentar posicoes pessoais de parlamentares seria incidir em politica partidaria. Tal seria um erro.
Animei-me a recomecar a escrever.
Abordo novamente a questao da favela. Todavia agora sob o aspecto sociologico da questao com enfase na infancia e juventude.
Nao vou expandir a discussao sobre o aspecto juridico do assunto.
Mas, conforme dito anteriormente, trata-se de guerra. E guerra possui diversas estrategias. O famoso Hearts and Minds ianque nao e senao copia descarada de uma antiga politica romana de conquistas.
Razao pela qual tento convencer coracoes e mentes sobre as ideias que aqui sao ventiladas.
Convencer e melhor que impor.
Quando da minha infancia ouvia aquele velho bordao : " Adote o seu filho, antes que um traficante o faca."
Tal maxima aplica-se tranquilamente aos membros da classe media e classe alta, os quais possuem estrutura material e cultura para realizar tal tarefa.
Todavia, pais e maes de familia de favela nao possuem tal arcabouco de sustentacao.
Ainda que imbuidas de boa formacao moral nao conseguem evitar o pior.
Isto por que, no morro, nao e um traficante, mas sim o Sistema Organizacional do Trafico que coopta ( nao adota) criancas e jovens.
E usam do metodo mais eficaz para isso: o convencimento.
Familias inteiras caem em desespero quando o jovem completa 12 anos e vai para o servico do trafico obrigatorio. E iniciam a ocupar os primeiros postos nas bases da Complexa Hierarquia da Favela.
Muitas sabem que seus filhos nao chegarao aos vinte anos completos.
Nao vejo razao para que nao haja uma revolta sufocada que precise de um certo reforco positivo para se manifestar da maneira mais adequada possivel.
Ninguem deseja ver o proprio filho morrer.
Nao sao so as armas usadas pelo trafico que sao de guerra.
O indice de mortalidade entre jovens homens entre 14 e 25 anos tambem confirma identica situacao.
Culpa do trafico.
O trafico e covarde. E coloca criancas e jovens na linha de frente.
Ainda vou escrever um artigo juridico completo sobre o assunto.
O menor em situacao de risco do Estatuto da Crianca e do Adolescente encara a situacao sob o aspecto do mero abandono familiar. A Lei Maria da Penha comeca a encarar a situacao de outro angulo: a violencia intra-familiar.
Mas ninguem versou ainda sobre a situacao de risco do menor decorrente de abandono social.
Tenho uma Complexa teoria sobre o assunto.
Qualquer dia publico por aqui ou escrevo em Revistas Especializadas.
Grande Abraco.
Tulio